Marival Furtado Vieira
Estando mais uma vez
memorizando fatos verídicos,
lembrei de mais um e bem antigo, que me parece um tanto engraçado, passado naquela
bela e pequena cidadezinha...
Era um dia de muito
trabalho na delegacia de polícia local, como digo sempre, pelo tamanho da cidade, as ocorrências em sua grande maioria, tratavam-se de fuxicos, ou seja, briguinhas de amigas, de vizinhas, de comadres, de casais, de pequenos furtos, e
raramente acontecia um caso mais grave.
Por volta das duas
horas, quando adentra naquela casa da
lei, um senhor embriagado, aparentando
cinquenta anos de idade, dizendo-se proprietário
de uma pequena chácara, onde ali cultivava o feijão, o milho e principalmente
o café, além de uma pequena criação
de gado leiteiro, e que também produzia queijo, requeijão e manteiga, e que eram vendidos toda semana na pequena feirinha na cidade. Este senhor
foi até aquela delegacia, a fim de denunciar
uma mulher que teria ficado com ele bebendo,
farreando e fazendo sabe-se lá o
quê? Até àquelas horas da madrugada,
dizendo que teria negociado com aquela dama
da noite, em pagá-la por sua companhia
com queijos, requeijões e manteiga, que sobraram de suas vendas naquela
feirinha. O que foi aceito pela beldade.
Ocorre que, segundo o
denunciante, aquela felina estava em
conluio com um noiado que também
se encontrava no local dos fatos e que tal elemento, teria furtado de sua carroça toda a produção que restava de suas vendas, dizendo ainda que a mulher estava a lhe cobrar pelos serviços prestados de acompanhante.
Nessas alturas da ocorrência, chega à dita “dama”,
também com o teor alcóolico
elevadíssimo e parecendo um armário, medindo
dois por dois, e vestida como se
fosse uma piriguete, para registrar uma ocorrência contra aquele cidadão que lhe estava denunciando e exigia
seu pagamento de imediato,
informando ainda, que não teria nada a ver com o furto dos queijos e muito
menos de seus derivados .
O comissário de plantão já cansado e pronto pra
puxar uma “palhinha” e também como não tinha solução para o caso,
meteu os dois no corró (tipo de cela para presos corriqueiros)
para esfriarem a cabeça até chegarem a um acordo.
Ao amanhecer, aquele
comissário foi até ao corró e
encontrou os dois dormindo agarradinhos
e roncando igual um porco velho e uma porca desfalecida, como se
estivessem em um hotel cinco estrela. É
mole? Este é mais um caso de verdade e qualquer
semelhança, e mera coincidência.