Marival Furtado Vieira
Mais uma vez encontrava-me perdido em meus pensamentos, a fim
de encontrar embolado em minha memória,
um caso ou fato que pudesse contar, e por fim localizei este, pra mim, muito
triste, ocorrido há bastante tempo e como os demais, automaticamente passado na
cidadezinha de PIRA PIRA PIROU.
Era dia de pagamento do governo e como naquela época não
existia os tais caixa eletrônicos existentes em qualquer esquina, como ocorre
nos dias de hoje, o servidor público era
humilhado naqueles dias, uma vez que se sujeitava a passar a manhã inteira em filas que se formavam
dentro da agência bancária (geralmente o
banco do estado) e continuava
pelo lado de fora, formando intermináveis cordões indianos, onde ali pessoas
idosas passavam mal, desmaiando e muitas das vezes sofrendo até enfartos.
Em um desse dias terríveis, um cidadão na faixa etária de cinquenta
anos de idade, após um grande sacrifício para receber seu salário (miséria), se descontrola
emocionalmente e mostra as minguadas
notas que teria recebido do caixa do banco, dizendo inclusive que após 29 anos como servidor público era o que merecia e em alto e bom som, dizia que iria
torrar tudo na cachaça, pois a
partir dali não teria hora pra chegar em
seu barraco. E realmente o cara foi.
No dia seguinte apareceu em seu local de trabalho totalmente embriagado, perturbando os companheiros e colegas de serviço, dizendo inclusive que estaria vindo direto dos cabarés e naquele
momento estaria muito feliz. Seu
chefe então tomou conhecimento do fato, e mandou demiti-lo do serviço público por justa causa. Vinte nove anos de serviço
jogados fora, apenas por causa da
desgraçada água que passarinho não
bebe. Este é mais um caso de verdade e qualquer semelhança é mera
coincidência.