sexta-feira, 29 de abril de 2016

CASOS DE VERDADE Nº 178/16

Marival Furtado Vieira

Um mineiro na faixa de seus cinquenta e poucos anos, daqueles que ainda faz da palavra, trocadilhos caipira e também que, ao apertar sua mão para saudá-lo, o faz sem fechar ou apertá-la, dando inclusive, apenas as pontas de seus dedos, porém, este mesmo mineiro é muito engraçado, e era vigia noturno de um órgão público naquela mesma cidadezinha.

Estando de guarda em seu trabalho, como fazia sempre, por sinal muito responsável e correto, quando por volta das duas da manhã, segundo ele, deu quatro voltas correndo no pátio daquele órgão para espantar o sono e quando terminou foi até a cantina tomar um cafezinho, porém, ao sentar-se e puxar a garrafa para se servir, sentiu por trás de suas costas, uma mão apertando seu maxilar da face esquerda, enquanto do lado direito, uma arma, tipo “três oitão” e uma voz cavernosa que dizia: Tem mais alguém com você? – Ao que o mineiro respondeu que se encontrava sozinho. Momento em que aquela voz estrondosa,  dizia que iria levar dois veículos, tipo motocicleta que estavam ali no pátio. Então aquele papa-sereno, disse quase que sem voz: pode levar é tudo, deixando eu com vida, está bom demais uai.

Em seguida, ouviu outra voz e percebeu que eram dois ladrões, quando um deles, perguntou onde ficava o telefone e aquele guarda apontou outra sala, e o ladrão lhe disse se ele estivesse mentindo eles o apagaria e o mineiro com toda gentileza possível, lhe disse novamente, pra eles levarem tudo, porém, que lhe deixasse com vida, e que ele não precisaria mentir numa situação daquela.

De volta, um dos ladrões o amarrou com o fio do telefone, colocando um capuz em seu rosto e dizendo para aquele mineiro que queria gasolina para abastecer as motos e mais uma vez, o mineiro usando educadamente e gentilmente de seu vocabulário, chamou o que se achava o chefe e disse: Uai, eu gostaria que vocês apressassem o trabalho de ocês, pois daqui a pouco, ou seja, três horas, tem gente chegando, pois ficaram de vir pegar os carros para viajarem para um distrito daqui, e o outro ladrão chamou a atenção do chefe quanto aquela valorosa informação e então aquele líder, começou a agilizar, pegando a gasolina e dizendo novamente para o mineiro que se o mesmo estivesse mentindo, eles voltariam e o mataria.

Após os ladrões saírem, pois o mineiro teria ouvido o ronco as motos se afastando, momento em que este após várias tentativas, conseguiu desamarrar-se e foi até a sala de telefone e tentou por diversas vezes ligar para a polícia, e como estava nervoso, não teria percebido que o ladrão chefe havia arrancado o fio do telefone para lhe amarrar e ficou tentando, sem perceber que o telefone estava sem fio e, portanto, mudo, foi quando realmente chegou o pessoal que aquele mineiro teria informado aos ladrões, pois ele queria mesmo era se livrar dos safados o mais rápido possível, e LIVROU-SE. Mineiro esperto! Este é mais um caso de verdade e qualquer semelhança é mera coincidência.