Marival Furtado Vieira

Certo cidadão pirapirapirense, já acima dos setenta anos, viúvo e com seus filhos hoje, todos casados e donos de seus narizes, como se diz um dito popular. Este mesmo cidadão não querendo outra companheira para sua vida e por não querer dar trabalho a seus filhos, portanto, vem morando sozinho, residindo na mesma casa, onde ali viveu por muitos anos em companhia de sua falecida esposa e seus filhos, até aquela ser chamada para o outro lado da vida e os filhos procurarem seus caminhos.
Certo dia estava aquele senhor pitando seu fumo, quando chega a sua residência, um casal de irmãos e amigos do referido ancião, pedindo-lhe apoio no sentido do velho ajudar um irmão daquele casal de amigos, dizendo para o mesmo que seu irmão tinha um problema muito sério, ou seja, era viciado em álcool e teria virado alcoolatra e não queria se tratar, pois sua família estava tentando de todas as formas levá-lo a um centro de recuperação pra alcoolatra, porém este se recusava, dizendo sempre que não era viciado, que estava apenas passando por uma fase de sua vida e que bastasse ficar ao lado de alguém que não bebesse, ele teria certeza que jamais voltaria a melar o bico. Portanto, aquele casal de irmãos estava ali pedindo ajuda aquele senhor, até porque este não bebia e morava sozinho, o qual ouvia atentamente o relato resumido sobre o biriteiro. E decidiu que aceitaria seu irmão apenas por trinta dias, ficando combinado que após esta data, ou o mesmo se curasse ou não, os irmãos teriam obrigação de retirar o elemento de sua casa.
Dentro de meia hora após acertarem com o velho, trouxeram o irmão com todas suas traias e panos de bunda, para uma nova temporada ao lado daquele vovô.
Após dois dias de convivência, o referido elemento já estava mandando no velho, inclusive exigindo suas roupas lavadas, sua comida feita e servida e até atendê-lo, servindo também um “golezinho de pinga”, como este dizia que era apenas pra abrir o apetite. No terceiro dia, aquele pinguço saiu pra dar umas voltas e retornou por volta das quatro da madruga, cheio da manguaça e sacaneando com aquele ancião que estava lhe dando abrigo. Uma semana após, o velho não aguentando mais, foi até a casa dos irmãos do cachaceiro pedir para retirar o elemento de sua casa, quando este teve a seguinte resposta: “NOSSO ACERTO É PRA TRINTA DIAS, PORTANTO SE VIRE”. Não tendo como resolver o problema, aquele senhor vai até aquela Delegacia de Polícia pra ver o que poderia ser feito. Este é mais um caso de verdade e qualquer semelhança é mera coincidência.
Um comentário:
Se a família não aguenta o trobolho, imagina se o velho aposentado iria aguentar.
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